A
EVOLUÇÃO DO VAREJO NO MUNDO
1) O surgimento dos excedentes
Desde os primórdios dos tempos, o homem sempre buscou suprir
suas necessidades básicas com atividades de caça
e pesca no início e, posteriormente, dedicando-se à
agricultura, ao artesanato, à produção de
tecidos, entre tantas outras atividades. Tudo o que fazia destinava-se
ao consumo próprio. Com o aperfeiçoamento dos meios
de produção, começaram a surgir os excedentes
que, em vez de descartados, viraram moeda de troca por produtos
diferentes e igualmente necessários à sua sobrevivência.
Era o começo do comércio, uma atividade civilizada,
que exige comunicação e entendimento entre as partes,
valorização de bens e gosto e satisfação
pela posse dos mesmos.
2)
O início da atividade comercial
Não
demorou e surgiram as moedas e os bancos, teve início o
desenvolvimento do processo de distribuição e abastecimento
das comunidades. Por volta de 1700, o abastecimento nas pequenas
cidades se dava por um tipo de estabelecimento comercial, denominado
Loja Geral, o “general store”. Lá, era possível
encontrar desde alimentos e roupas até implementos agrícolas.
Um produto requintado ou especial exigia uma encomenda ou o deslocamento
a um centro mais desenvolvido.
Face
ao crescimento das comunidades e diante de novas necessidades,
houve uma adequação do comércio que, entre
tantas mudanças, incorporou novas formas de efetuar o atendimento
à clientela. Tinha início aí o processo de
especialização, de segmentação. Surgiu,
então, a “grocery store”, um modelo de loja
dedicada apenas à venda de alimentos. Esse tipo de comércio,
semelhante à mercearia ou armazém que conhecemos
no Brasil, era praticado em lojas de 50 a 60 metros quadrados
e geralmente os produtos eram comercializados a granel. A loja
disponibilizava produtos que atendiam às necessidades alimentares
dos habitantes da cidade e utilizava o balcão para separar
o cliente do dono e das mercadorias.
3)
A Revolução Industrial
Com
o advento da Revolução Industrial, a partir do século
XIX, e o crescimento das cidades, as diferentes necessidades da
população, a adequação das indústrias
para a produção de produtos mais específicos
e os diferentes tipos de lojas ampliando a disputa pelo consumidor
estabeleceram um ciclo que possibilitou ao comércio exercer
suas funções de equalização e distribuição
dos bens de consumo.
4)
A evolução
Em
1850, surgiu em Paris a primeira loja de departamentos, a Bon
Marchè, pioneira na técnica de agrupamento dos produtos
em categorias. Em 1912, os Estados Unidos inauguraram a primeira
loja do mundo com atendimento por auto-serviço, o “cash
and carry” ou “pague e leve”. Com preços
predeterminados, a técnica de vendas permitiu ao consumidor
escolher os produtos e levá-los até o caixa, sem
a intervenção de qualquer funcionário ou
do dono do estabelecimento. Acima de tudo, os produtos passaram
a ser distinguidos entre si pelas marcas de seus fabricantes,
dando início à estratégia das marcas comerciais.
5)
O supermercado
Apenas
quatro anos depois, os norte-americanos inauguram a segunda loja
a utilizar a técnica de auto-serviço tal como a
conhecemos hoje. O auto-serviço ganhou corpo, mas passou-se
mais de uma década e meia até a fundação
do primeiro supermercado, também em solos norte-americanos.
Instalado em Long Island, New York, o King Kullen, aberto em 1930,
apresentou características que prevalecem até hoje.
O advento do conceito supermercado reduziu drasticamente os preços
e as margens de ganho sobre as mercadorias com o conseqüente
aprovação dos consumidores. Não demorou muito
e o conceito se difundiu rapidamente em toda a América
chegando a mais de oito mil lojas em 1941.
O
supermercado surgiu, dessa forma, como produto da evolução
do sistema de comercialização por auto-serviço.
Nos Estados Unidos, um dos maiores motivadores do desenvolvimento
do auto-serviço de alimentos foi, sem dúvida, a
Grande Depressão, entre o fim da década de 20 e
início da de 30, criando um mercado ávido por preços
baixos, a maior qualidade que os supermercados podiam oferecer
aos consumidores.
6)
O auto-serviço no Brasil
No
Brasil, assistimos à implantação de várias
experiências em auto-serviço em lojas mais modernas
e mais especializadas. Caso do Frigorífico Wilson, que
em 1947 implantou seu auto-serviço na venda de embutidos,
como lingüiças, salsichas, presuntos, mortadelas e
salames, e foi pioneiro no acondicionamento de carnes frescas.
Posteriormente, outras empresas passaram a implantar a técnica
do auto-serviço, até que em 1953 o supermercado
como o conhecemos hoje finalmente tornou-se uma realidade em nossas
terras.
Sucesso
indiscutível, ainda hoje a modalidade não é
absorvida por muitos estabelecimentos varejistas, que mantém
o atendimento de balcão, seja na loja toda ou, em muitos
casos, em seções de perecíveis como açougue,
frios e laticínios. Isso por resistência de muitos
clientes, que, acostumados a escolher pessoalmente frutas, verduras
e legumes, pegando uma a uma, não se sentem confortáveis
comprando produtos previamente embalados.
7)
Os demais formatos de loja
Não
há como falar dos supermercados sem falar de outros formatos
de loja de auto-serviço, cada vez mais ferozes competidores.
Caso das lojas de departamento, que nasceram sob influência
dos grandes armazéns surgidos na Europa, especificamente
em Paris, no ano de 1852. Eram grandes tendas especializadas que
tinham como público-alvo principalmente as classes mais
altas, e que distribuíam de roupas a acessórios
e artigos de decoração e até mobílias
para casa. Os Estados Unidos viviam o fim da recessão dos
anos trinta quando, combinando ambas as características,
porém ampliando as linhas de artigos, apareceram as primeiras
grandes lojas de departamento, formato que acabou se disseminando
por todo o país e hoje dominam a atividade comercial norte-americana.
A
última modalidade comercial de grande peso a aparecer nos
Estados Unidos vinha suprir a emergência de pequenas compras
por parte dos consumidores. Localizadas em bairros, e combinando
as características de auto-serviço com a pequena
loja, surge o conceito de “convenience store”, traduzida
como loja de conveniência, de comodidade. Vale lembrar que
a tecnologia e o desejo de comodidade dos americanos fizeram –
e fazem – com que surjam outros métodos de comércio
que deixam praticamente nula a relação entre o comerciante
e o comprador. Caso da Internet, que recentemente inaugura o conceito
da loja virtual, ainda ganhando formas em todo o mundo.
A
diversidade de estruturas, formatos de lojas e ofertas de serviços
aos consumidores é uma realidade em todos os cantos do
mundo. Em solos brasileiros prevalecem o varejo, o atacado, as
feiras livres, as lojas tradicionais, como o armazém, a
mercearia e o empório, o varejo de auto-serviço
e o supermercado. O formato de lojas de departamento, na sua genuína
concepção, passa por um teste de resistência
no País, depois de derrocadas de tradicionais nomes locais.
Mas novas modalidades de lojas surgem todos os dias, conseqüência
do progresso e desenvolvimento inerentes aos grandes centros,
fruto da criatividade de empresários empreendedores e da
crescente exigência dos consumidores.
8)
Tabelas informativas
Veja
através das tabelas a seguir um resumo das primeiras experiências
em supermercados e a evolução do auto-serviço
no Brasil.
AS
PRIMEIRAS EXPERIÊNCIAS EM SUPERMERCADO
NOME |
ÉPOCA |
LOCAL |
TECELAGEM
PARAÍBA |
JAN.
53 |
SP |
SUPERMERCADO
AMERICANO |
MAR.
53 |
SP |
SIRVA-SE |
AGO.
53 |
SP
|
PEG-PAG |
DEZ.
54 |
SP
|
DISCO |
NOV.
56 |
SP
|
PÃO
DE AÇÚCAR |
ABR.
59 |
SP |
OS PIONEIROS DO AUTO SERVIÇO NO BRASIL
NOME |
ANO |
LOCAL |
FRIGORÍFICO
WILSON |
1947 |
SP |
CASA
ARAÚJO |
|
|
DEPÓSITO
POPULAR |
1949 |
SP |
DEMETERCO |
1951 |
PR |
|